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Um setor alinhado aos anseios do novo consumidor

(*) Paulo Hartung


A pandemia já deixou 2020 com uma marca na história da humanidade, tal qual gripe espanhola, entre outras. Os tempos modernos, com a facilidade de locomoção pelo mundo, aceleraram a contaminação por todos os continentes. Porém mesmo em um momento em que tecnologia e ciência tanto avançaram, após mais de seis meses da disseminação deste vírus devastador, a sociedade ainda está recheada de incertezas, tanto em seu enfrentamento quanto no que virá no pós-crise.

Há sinais claros de que algumas mudanças que estavam em curso foram aceleradas. A consciência ambiental tomou forma. Não se trata somente de movimentos que pedem atenção das autoridades mundiais com relação ao clima, mas atitudes individuais, especialmente entre os jovens, que estão transformando os hábitos da sociedade.

Rastreabilidade tem sido uma exigência. Como uma onda, este movimento impacta o comércio, serviços, fornecedores e indústrias.

Neste cenário, a conjuntura mundial atual virou os holofotes do mundo ao Brasil. O aprofundamento de criminalidades na Amazônia nos últimos anos e a condução do assunto, desencadearam reações.

Narrativas defensivas, neste momento, são inúteis. O País precisa de atitudes. Somente com metas, ações concretas e resultados o mundo começará a mudar esta percepção. Este é o caminho para demonstrarmos, de fato, que nossos anseios estão alinhados às expectativas dos novos tempos e dos consumidores.

Há um agronegócio moderno, que atua, e não é de hoje, em sinergia com a natureza. A minoria que está à margem da lei precisa ser punida e se adequar. Não se pode deixar que a ilegalidade contamine o esforço e empenho de tantos brasileiros que mantêm um compromisso com a sustentabilidade.


Compromisso este espelhado no trabalho do setor de árvores cultivadas, desde campo até a indústria. Não é à toa que mais de 70% da celulose nacional chega nas mãos de milhões de pessoas em todo o planeta em diversos produtos. Isto além de todos os demais segmentos como pisos laminados, painéis de madeira, papéis para fins sanitários, papéis para embalagem e papéis I&E presentes no dia a dia de todos.

A origem não é somente correta, mas adequada. Produzir mais com menos. Os cultivos de árvores para fins industriais são realizados, comumente, em áreas antes degradadas pela ação humana e o setor tem se debruçado em aumentar sua produtividade nas terras que já possui.

A chancela não fica no discurso. O FSC, sistema de certificação internacional, um dos mais respeitados do mundo, já está ratificando as boas práticas ambientais e sociais do setor há mais de duas décadas. São 6,3 milhões de hectares certificados atualmente. Vale mencionar que sistemas como PEFC/Cerflor também atestam o manejo correto.


O processo fabril investe no cuidado com a água, com queda de mais de 70% no uso do recurso desde a década de 1970, e utilização de energia limpa, vinda de biomassa florestal, que provê autossuficiência de quase 80% de toda energia utilizada pela indústria.


Se a bioeconomia mira produção e conservação, o setor acerta o alvo em cheio há anos. São 5,6 milhões de hectares destinados para áreas de conservação entre Reserva Legal (RL), , APP Área de Preservação Permanente (APP), Área de Alto Valor de Conservação (AAVC) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Tudo isto significa uma área maior que o estado do Rio de Janeiro.

Juntas, estas áreas estocam cerca de 4,2 bilhões de CO2 eq, um dos principais gases do efeito estufa. Esta soma é maior do que toda a emissão da indústria nacional em um ano. Não é pouca coisa.

O produto desta equação é um material reciclável, reutilizável e, na maioria das vezes, biodegradável. Ou seja, seu pós-uso não trará impactos para recursos naturais e biodiversidade.

A partir do interior do Brasil, chegamos às casas de milhões de pessoas em todo o mundo. Uma indústria que leva higiene, fraldas infantis, roupas, proteção a alimentos e produtos, meios para se educar ou uma nova decoração para o ambiente. Um setor que entrega qualidade de vida e um futuro melhor.

(*) Paulo Hartung é Economista, presidente-executivo Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), membro do conselho do Todos Pela Educação, ex-governador do Estado do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)