Comunicação

IMPRENSA E NOTÍCIAS

Setor de base florestal investe R$ 35,5 bilhões e abre 4 mil vagas

Também foram criados 30 mil postos de trabalho temporário para a construção de novas fabricas e execução de projetos de expansão

Com R$ 35,5 bilhões em investimentos anunciados até 2023 no país, o setor de base florestal, que compreende produtores de celulose e papel e fabricantes de pisos e painéis de madeira, é hoje um dos grandes geradores de novos postos de trabalho da agroindústria brasileira. Neste momento, tem 4 mil vagas permanentes abertas em mais de uma dezena de Estados, para profissionais com diferentes níveis de formação, além dos cerca de 30 mil postos temporários que foram criados para a construção de novas fabricas e execução de projetos de expansão.

Os números foram levantados pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que representa o setor, junto a empresas como Bracell, CMPC, Eldorado, International Paper, Klabin, Oji, S uzano e WestRock. E são expressivos, sobretudo se considerados os impactos da pandemia de covid-19 na economia doméstica e a elevada taxa de desemprego no país, que chegou a 14,1%.

A indústria emprega 1,4 milhão de trabalhadores, contingente que sobe a 3,7 milhões se considerados também os empregos indiretos e aqueles resultantes do efeito renda. “Não é um ciclo fechado, porque o pipeline de investimentos anunciados vai até 2023”, diz o embaixador José Carlos da Fonseca, diretor institucional da Ibá, entidade das empresas desse setor. “É tendência estrutural do setor seguir crescendo”.

Alguns projetos bilionários, entre os quais a nova fábrica da Suzano em Mato Grosso do Sul (Projeto Jubarte), ainda não foram anunciados e, portanto, não se refletem no nível de emprego da indústria. No caso da Suzano, a expectativa do mercado é que o anúncio seja feito ainda em 2021 - crescem as apostas de que alguma novidade pode vir ainda no primeiro semestre.

Também produtora de celulose de eucalipto, a Eldorado tem planos de instalar a segunda linha de produção em Três Lagoas (MS) e o desfecho da arbitragem entre as sócias J&F Investimentos e Paper Excellence (PE) poderá, finalmente, tirar do papel o projeto de crescimento do papel. Em geral, a execução dos grandes projetos demanda milhares de trabalhadores temporários e abre vagas permanentes.

Segundo Fonseca, o avanço do setor também contribui para o desenvolvimento de regiões carentes. Nos municípios onde há plantios cultivados, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu 56%, contra evolução de 47% do indicador médio no Brasil em 2018. Por ano, acrescenta, essa indústria investe quase R$ 830 milhões em programas socioambientais, beneficiando 6,9 milhão de pessoas.

No ano passado, apesar da pandemia, a produção brasileira de celulose cresceu 6,4%, para cerca de 21 milhões de toneladas, o segundo maior volume da história. Somente em exportações, os produtos da indústria de base florestal alcançaram cerca de US$ 8 bilhões, dos quais US$ 6 bilhões em celulose, US$ 1,7 bilhão em papéis e US$ 276 milhões em painéis de madeira.

A capacidade de produção caminha para novo salto nos próximos anos, com a instalação de novas unidades fabris ou ampliação das operações existentes. No interior de São Paulo, a Bracell (do grupo asiático RGE) está investindo R$ 8 bilhões na expansão da antiga Lwarcel. Em Minas, a LD Celulose, joint venture entre a austríaca Lenzing e a Duratex, está construindo uma fábrica de celulose solúvel mediante investimento de R$ 4,8 bilhões.

Há ainda em curso aportes para ampliar a produção de painéis de madeira: a Berneck está aplicando R$ 870 milhões em nova fábrica, em Lages (SC). Do segmento de papéis para embalagem e embalagens de papelão ondulado, as duas maiores do mercado, Klabin e WestRock, estão executando investimentos bilionários em expansão. Em papéis para higiene, a Suzano está instalando uma máquina de conversão de papel higiênico no Espírito Santo. Além de outros projetos, que começam anos antes com o plantio das florestas cultivadas.

Embora essa indústria brasileira seja internacionalmente reconhecida pelo manejo florestal sustentável, existe o risco de que o desgaste do Brasil no que diz respeito à agenda ambiental atinja a todos. “Participamos da plataforma de diálogo para contribuir para que o Brasil dê a volta por cima, como já fez no passado”, diz o diretor da Ibá. Em sua avaliação, há hoje convergência entre os principais atores globais - União Europeia, Estados Unidos e China - sobre os temas socioambientais e o Brasil tem condições de recuperar a posição de destaque que já teve especialmente no terreno do meio ambiente.

As tensões recentes com a China, segue o embaixador, são monitoradas mas não devem afetar os negócios do setor, que se apoia no canal “desobstruído” da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com o parceiro comercial asiático. “As relações são reciprocamente vantajosas”, diz. A China tem peso relevante sobretudo para o negócio de celulose. No ano passado, dos US$ 6 bilhões em exportações brasileiras da matéria-prima, os chineses responderam por quase metade, ou US$ 2,9 bilhões.

 Veículo: Valor Econômico