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Produtos florestais sobem no ranking das exportações

A exportação de produtos florestais atingiu um destaque pouco comum no ano passado. O setor saiu da tradicional quarta posição na ranking das exportações do agronegócio e se aproximou do segundo posto, ocupado pelas carnes.

Em 2018, conforme os dados do Ministério da Agricultura, as exportações desse setor —papel, celulose e madeira— somaram US$ 14,2 bilhões, 23% mais do que em 2017.

Esses produtos desbancaram o complexo sucroenergético, cujas receitas —US$ 7,4 bilhões— caíram 39% em relação às de 2017. A diferença para as exportações de carnes, que renderam US$ 14,7 bilhões, foi pequena.

Volume e preço da celulose determinaram o avanço dos produtos florestais, aponta Carlos José Caetano Bacha, especialista no setor e professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz').

Além disso, a demanda externa foi forte neste ano. Para se precaver contra eventuais problemas de abastecimento de matérias-primas, principalmente após a guerra comercial com os Estados Unidos, a China aumentou seus estoques de celulose e de soja, segundo Bacha.

De outubro a dezembro, os chineses adquiriram 1,7 milhão de toneladas de celulose no Brasil, 38% mais do que em igual período de 2017. As compras de soja, subiram para 14 milhões de toneladas nos três últimos meses do ano passado, 128% mais do que no mesmo período de 2017.

Este ano, porém, será diferente. O país terá volume, mas os preços não serão tão elevados como os de 2018. A celulose vinha subindo desde janeiro de 2017. A alta só foi interrompida no último trimestre de 2018. Com estoques elevados, os chineses começam a forçar uma queda nos preços.

A conjuntura econômica externa não será tão favorável ao Brasil como vinha sendo, além de o país ter de concorrer com a oferta de produto de novos projetos externos que iniciam operação.

A economia dos Estados Unidos poderá entrar em recessão a partir do fim deste ano, e a da China deverá ter um ritmo menor de evolução.

Esses fatores promoverão uma uma queda nos preços, segundo Bacha. O cenário será um pouco diferente do dos últimos dois anos, quando o país colocou 2 milhões de toneladas a mais de celulose no mercado externo, com alta de US$ 100 cada uma.

Para Bacha, o ano foi bom para as indústrias de celulose, mas ruim para os produtores de madeira. Os contratos atuais não os favorecem.

O próximo US$ 1 tri

O agronegócio trouxe um saldo comercial de US$ 1,1 trilhão para dentro do Brasil nas últimas duas décadas. O aumento das exportações do setor fez com que o país eliminasse os déficits comerciais da balança, que ocorreram até 2000.

O grande avanço do setor se deu na última década, quando a média anual do saldo foi de US$ 75,4 bilhões, bem acima dos US$ 32 bilhões da anterior. A tendência é que o próximo trilhão de dólar ocorra bem mais rapidamente. Afinal, em 2018, a exportação já superou US$ 101 bilhões.

Veículo: Folha de S. Paulo
Vaivém das Commodities
A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.