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O papel do setor produtivo contra armagedom ecológico

A crise hídrica é uma questão globale exige o envolvimento de todos. O Brasil tem 12% da água doce do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um índice altoconsiderando que muitos continentes inteiros não chegam a esse mesmo indicador.

Mesmo com essa riqueza de água potável, o País não pode ficar deitado em berço esplêndido. Precisamos ser ativos, preservar nossas riquezas e gerar economia, pois mesmo com essa abundância de água, o Brasil tem enfrentado diversos desafios hídricos, como a seca no Nordeste e a falta de abastecimento de água em algumas capitais.

Segundo levantamento da Embrapa, Plantações Florestais, entre 2004 e 2013, o consumo nos 33 municípios da região metropolitana de São Paulo aumentou 26%, enquanto a produção de água tratada cresceu apenas 9%. Nesse mesmo período, o crescimento anual da população foi de cerca de 150 mil pessoas. A previsão é que para 2035 a população da grande São Paulo atinja 36 milhões de pessoas. Mundialmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que população humana chegará a 10 bilhões em 2050. É um grande desafio estruturar o abastecimento de água para toda essa população, para a produção de alimentos e de produtos que serão consumidos.

Ainda é preciso levar em conta os efeitos das mudanças climáticas. No relatório do Global Risks Report 2018, do World Economic Forum, que faz uma percepção de risco para a sociedade global, entre os principais eventos em possibilidade e impacto estão os eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso do ecossistema, e grandes catástrofes naturais. O relatório cunha, inclusive, o termo Armagedom ecológico. Se continuarmos consumindo e produzindo nos níveis atuais, caminharemos para esse cenário. Por isso, é preciso mudar, cuidar da água, consumir de forma consciente, trocandoprodutos de base fóssilpor produtos melhores para o meio ambiente.

Nesse desafiador trabalho de equilibrar crescimento com preservação, há anos a FAO discute como alimentar, vestir e provermoradiapara essa população sem esgotar os recursos naturais. O caminho é a conciliação da restauração ecológica com atividades econômicas.

A Silvicultura está nessa economia do futuro, sendo uma maneira eficiente de produzir madeira, fibras e energia, reduzindo a pressão predatória sobre as florestas nativas. Árvores plantadas para fins industriais, no Brasil, recuperam áreas degradadas previamente pela ação do homem.

Assim como qualquer cultura agrícola, as plantas precisam de águae o eucalipto usa a mesma quantidade de água – ou até menos - do que outras culturas.

O setor realiza constantes monitoramentos de bacias – por meio de programas como o Programa Cooperativo sobre Monitoramento e Modelagem de Bacias Hidrográficas (Promab), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) – que demonstram que o vilão dos recursos hídricos é o mau manejo da paisagem. E não o eucalipto.

Além disso, o setor florestal trabalha com o plantio em mosaico com vegetação nativa e a formação de corredores ecológicos, onde florestas plantadas e naturais compõem a paisagem, o que permite a regularidade na disponibilidade de recursos hídricos, conservação do solo, melhoria na qualidade da água e incremento da biodiversidade local.

Vale lembrar que o setor preserva 0,7 hectare de mata nativa para cada hectare cultivado para fins industriais. São 5,6 milhões de hectares de áreas naturais na forma de Áreas de Preservação Permanente (APPs), de Reserva Legal (RL) e de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs).

Hoje, a visão da sustentabilidade é prioritária na agenda e nos planos estratégicos das empresas da cadeia produtiva de árvores plantadas. O conceito se apoia em um tripé econômico, ambiental e social. Alinhar resultados financeiros, conservação ambiental e bem-estar da população é condição para o sucesso, o desenvolvimento e a continuidade do próprio negócio.

As empresas do setor unem esforços para adequar a produção e o consumo a padrões que garantam às gerações futuras recursos naturais, fontes de energia, clima equilibrado e alimento, entre outras necessidades essenciais à sobrevivência.

O mundo já sente falta de água e o cenário vai se agravar, com mais pessoas consumindo água, produtos e até moradias. O setor produtivo tem um papel fundamental para que seja viável esse crescimento de forma harmoniosa com o meio ambiente. E a árvore plantada é o futuro das matérias-primas renováveis, recicláveis e amigáveis ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana.

(*) Presidente Executiva da Ibá (Indústria Brasileira de Árvore s) e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Energia da International Chamber of Commerce (ICC) do Brasil

Este artigo foi publicado no jornal A Crítica de Campo Grande