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A importância das árvores plantadas na regulação do ciclo da água

O eucalipto é uma das espécies mais relevantes da silvicultura brasileira, setor que planta estas árvores para fins industriais. Além do eucalipto, outras espécies comuns da silvicultura brasileira são pinus e teca. O setor tem se tornado cada vez mais relevante na economia brasileira, e gerou, em 2017, 3,7 milhões de empregos diretos, indiretos e resultante do efeito renda e uma receita de R$ 71,1 bilhões, o que representa 6,2% do PIB Industrial do país.

O Mato Grosso do Sul é um dos principais Estados onde o setor atua no Brasil e tem mostrado o maior crescimento da indústria de celulose nos últimos anos. Em 2011, ocupava a quinta posição em área plantada de eucalipto. Ano após ano, o Estado cresce e conquista posições, e hoje representa mais de 15% do total, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo. A presença do setor brasileiro de florestas plantadas no Estado é extremamente positiva, não só pela geração de emprego e de riqueza compartilhada. Em 2016, o salário médio dos trabalhadores da indústria de base florestal no Mato Grosso do Sul era 48% superior ao salário pago aos trabalhadores da agropecuária, segundo dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura (Semagro).

O setor é o mais sustentável do mundo. No País, são quase 8 milhões de hectares destinados para fins produtivos e outros 5,6 milhões de hectares voltados à conservação de ecossistemas naturais, mais do que o dobro do que conservava em 2013 (quando somavam 2,1 milhões de hectares). Entre áreas produtivas e áreas de conservação, para cada 1 hectare plantado para fins industriais, outro 0,7 hectare é conservado por meio de Áreas de Preservação Permanente (APPs), de Reserva Legal (RL) e de Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs). Além disso, a indústria de árvores plantadas ainda recupera áreas degradadas previamente pela ação do homem, agindo além do que prevê a legislação ambiental brasileira. Nenhum outro país ou setor destina tamanha área para conservação dos recursos naturais.

É importante mencionar que para haver viabilidade no empreendimento a distância entre as fábricas ou o mercado consumidor e as florestas, deve ser de cerca de 100 Km de raio, caracterizando uma atividade não itinerante. Sendo esta uma das premissas do setor, ele precisa manter a disponibilidade de recursos naturais (água, fertilidade do solo, etc) onde está inserido. Desse modo, são adotadas diversas técnicas para conservação destes recursos e reposição de nutrientes do solo a cada ciclo de plantio. Além do fato de que estes plantios são implementados em áreas previamente degradadas, após realização de Licenciamento Ambiental.

O setor florestal faz a gestão de seus plantios, levando em consideração a paisagem, desenvolvendo plantios em mosaicos, onde as florestas de eucalipto são intercaladas com vegetação nativa, áreas de restauração e a formação de corredores ecológicos, o que permite a regularidade na disponibilidade de recursos hídricos, conservação do solo, melhoria na qualidade da água e incremento da biodiversidade local.

A interação das plantações de eucalipto com os recursos hídricos vem sendo estudada há mais de 30 anos, por universidades e institutos de pesquisa, principalmente os impactos nas bacias hidrográficas. Segundo estudo da Embrapa, a cultura do eucalipto – implantada com manejo correto - não prejudica o solo. 'Florestas plantadas são alternativa potencial para a recuperação de pastagens degradadas sob vários aspectos da conservação de solos e de recursos hídricos, incluindo a redução da erosão superficial e de deslizamentos, melhoria na qualidade da água, retenção de nutrientes e moderação das vazões máximas'. Como qualquer cultura agrícola, as plantas precisam de água. No entanto, o eucalipto é uma árvore com ótima capacidade de produção de madeira e usa a mesma quantidade de água - ou menos - do que outras culturas para produzir mais biomassa.

É importante ressaltar que o eucalipto não é diferente de nenhuma espécie viva, e necessita de água para suas funções fisiológicas. Quando manejadas adequadamente (clones apropriados às regiões onde estão inseridos), estas florestas têm um papel relevante na regulação dos fluxos hídricos das bacias em que pertencem e na conservação do solo. Diferentemente de uma área degradada (sem cobertura vegetal), quando chove, a copa e o tronco das árvores amortecem o impacto da água no solo, permitindo que a taxa de infiltração seja maior, o que possibilita a recarga do lençol freático. Assim, o escoamento superficial da água e a lixiviação - desestruturação física do solo com perda de nutrientes por ação da chuva - diminuem, evitando também assoreamento dos rios. Por isso reiteramos o papel regulador, pois nos períodos secos, a água armazenada nos lençóis, pode abastecer os cursos de água.

Hoje, a visão da sustentabilidade é prioritária na agenda e nos planos estratégicos das empresas da cadeia produtiva de árvores plantadas. O conceito se apoia em um tripé econômico, ambiental e social. Alinhar resultados financeiros, conservação ambiental e bem-estar da população é condição para o sucesso, o desenvolvimento e a continuidade do próprio negócio. Os programas envolvem investimentos acumulados entre 2013 e 2017 de R$ 1,2 bilhão. O valor investido por ano dobrou desde 2013, chegando a R$ 300 milhões. Os projetos envolvem em média 1,8 milhão de pessoas por ano. O destaque fica com as parcerias com os pequenos produtores, ou fomentados, que são os donos de pequenas propriedades com plantação de eucaliptos, pinus ou outro tipo de árvore usada pelo setor, e que recebem orientações das empresas tanto sobre manejo quanto sobre regularização de terras, além de receberem mudas com tecnologia de ponta e assistência técnica. Quase 20 mil pessoas são beneficiadas por programas de fomento por ano, sendo o fomento florestal o principal instrumento estratégico do setor de árvores plantadas para promoção do desenvolvimento das regiões em que atua e inserção destes proprietários nos sistemas de certificação florestal como o FSC.

Hoje, grandes investimentos são feitos em pesquisa, tecnologia de manejo, melhoramento genético para plantas mais adaptadas, e práticas que possibilitem a otimização dos recursos.

Presidente Executiva da Ibá (Indústria Brasileira de Árvore s) e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Energia da International Chamber of Commerce (ICC) do Brasil

Este artigo foi publicado no Perfil News